sexta-feira, 12 de novembro de 2010

GoodBye


GoodBye

     Um vento frio suspirava próximo à nuca de Thomas, e um frio ainda maior estendia-se por toda a espinha. Eram quase 7 Hrs da manhã, sexta-feira. Último dia de aula, após o amanhecer, os dias preencheriam-se pelas tão esperadas férias de Julho.
     Ao passar pelo portão, Thomas subiu as escadas e cessou os passos ao encontrar sua encantada.
     - Oie.
     - Bom dia meu amor - Disse ao docemente beijá-la.

     Thomas e Gih caminhavam rumo ao lugar que a algum tempo eles haviam adotado como point para os encontros secretos. Nas proximidades do topo da ladeira, Thomas, segurando a mão esquerda de Gih, correu morro acima, simultâneamente arrastando-a. Até que inesperadamente parou frente a ela, deixando seus corpos próximos um do outro.
     - Eu já te disse o quanto eu te amo hoje?
     - Ah deixa eu pensar ... - Ela calou-se por um momento - Não.
    - Então dessa vez eu irei lhe mostrar com gestos ao invés de palavras ! - Proferiu enquanto a abraçava enlaçando-os em um florido beijo.
     Thomas olhou bem no fundo dos olhos de Gih enquanto ela emanava suspiros.
    - E eu já te disse o quanto você é fofo?
     - HAHA ! Pois é, agora vamos que eu quero chegar logo lá para podermos aproveitar o máximo possível! - Thomas disse enquanto puxava Gih pelo braço.

     O sol estava escaldante. Já aproximava-se do meio-dia. Thomas estava deitado sobre o colo de Gih - Ambos estavam sobre uma imensurável escada, que servia de passagem para os moradores do bairro - Ela incessantemente mexia em seus cabelos. Uma música tocava ao redor ...
     - Daqui a pouco eu tenho que ir embora ... - Disse Gih ao ver a hora no relógio - Já são meio-dia. Eu só tenho mais vinte minutos.
     - Ahh não, você não pode ir embora agora, fique aqui comigo - Thomas levantou-se e olhou para ela - Hoje é o último dia de aula, eu nem sei quando eu vou te ver de novo ...
     - E talvez você nem veja mais ... - Gih mordeu as palavras e as jogou no ar.
     Um frio tomou conta daquele incessante calor. Thomas aproximou-se ainda mais dela.
     - Como assim talvez eu não te veja mais? - Questionou eminentemente preocupado.
     - Você sabe de tudo o que eu passo na minha casa. Eu preciso reconquistar a confiança do meu pai. Eu não aguento mais viver assim, eu preciso que tudo isso melhore.
     - Mas e o que isso tem a ver com não nos vermos mais ?
     - Talvez eu vá morar com a minha avó no litoral ... Mas isso não é certeza. Caso isso não aconteça, eu tomarei esse tempo para resolver as coisas para que tudo fique bem quando voltarmos a nos ver - Disse colocando a mão sobre o rosto de Thomas.
     Thomas abraçou-a com toda a força que pode.
     - Eu não quero perder você ... Eu não sei se eu vou poder aguentar ficar longe de você - Fechou os olhos e encostou o rosto ao ombro de sua amada - Eu amo você !
     - Eu também te amo.

     As poucas nuvens desenhavam um céu límpido e completamente azul. O relógio apontava meio-dia e meio. Nos pés da enorme escadaria Thomas e Gih entrelaçavam-se em um último abraço.
     - Eu vou sentir muito a sua falta - Gih falou com uma voz doce e pacífica.
     - Eu também vou sentir saudades de você, e você nem imagina o quanto - Por um minuto os dois traçaram um longo e profundo olhar - Mesmo de longe, você ainda é minha! - Lançou um enérgico sorriso. Em seguida fulminantemente beijou-a em um gesto de despedida.
    
Após um longo período sem que suas mãos conseguissem se desentrelaçar, cada um seguiu seu caminho.Thomas seguiu seu caminho para o pântano, o pântano da solidão, onde permaneceria por muito tempo. O ar supria-se ao seu redor, e em seu peito fortes pulsações davam início a um novo sentimento, um sentimento que mesclava muitos outros - Tristeza, saudade, solidão, arrependimento, desconfiança,
medo e decepção - Dali para frente, os dias já não seriam mais os mesmos.


   "- Nós vamos nos ver de novo, pode ter certeza - Disse Thomas anteriormente olhando nos olhos de Gih."

     Thomas já não sabia se ainda poderia acreditar em sua própria promessa. Naquele momento, os fones de ouvido eram sua única companhia. E casualmente a música que tocava naquele momento lhe pareceu tão pertinente, pois expressava bem seus sentimentos ...

" Se eu disser que não acreditei quando você me disse adeus
     Esse não pode ser o fim ...
     Não me arrepender do que falei ...
     A vida me tornou assim
     O nosso vício se perdeu dentro de mim ...
     Hoje vai ser mais uma vez vou acordar sem você ao meu lado
     Hoje vai ser mais uma vez vou aprender que a minha vida é você (...) "

     Aquela realmente havia sido a última vez. Não a última que se viam, mas a última em que relacionaram-se.

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