domingo, 20 de março de 2011

Paz



Paz

“Paz.
Meu coração procura paz, não amor.
Se um dia persistir em querer sentir, trancar-lhe-ei em meio às razões mais obscuras da alma, donde nasce o medo que queima minhas mãos.
Os olhos buscam luz.
Tal que brilhe sem ofuscar, nem arder como falsas lembranças.
Meus ouvidos anseiam por ouvir a mais bela sinfonia já tocada, não palavras que corroem por dentro, cortando os tímpanos como lâminas afiadas.
Minhas mãos esperam o doce toque das flores que a rodeiam. As mais belas e cheirosas, sem espinhos ou abelhas.
O sol irá nascer.
Os dias virão.
As noites irão.
Mas algo dilacerado irá ficar...”

     Thomas apenas observou as palavras que havia escrito no vidro embaçado pela água da chuva.
     - Se o vento soprar, se a chuva cair, chorar não trás você pra mim... – Sussurrou sem tirar os olhos do vidro.

Quando você voltar eu não vou mais estar aqui...
Quando você voltar eu não vou mais estar a te esperar ♪

     - Os dias já não são mais os mesmos. Meus olhos já não podem te ver. Minhas mãos já não podem tocá-la. Meu coração por ti já não bate... Mais uma vez, sigo na mesma direção – Fechou os olhos, escorreu a mão sobre as palavras escritas no vidro, apagando-as e virou-se, caminhando na direção contrária ao passado.

Incompreensível



Incompreensível

    A lua iluminava-os sobre o manto da noite.
     Thomas estava sentado no chão, encostado à parede. Ao seu lado, Nahy apoiava-se em seu joelho. Há pouco um silêncio mortal havia instalado-se entre eles. Os olhares pareciam impedidos de se cruzarem. As mãos pareciam tremer ao tentar aproximarem-se.
     Ao longe Oliver, Abril e Kamapu distribuíam animação. Sentimento esse que não conseguia afetar Thomas e Nahy. Algumas palavras, verdades necessárias, haviam sido pronunciadas como possível solução, mas o que instalou-se foi o nada. Parecia não haver mais nada ali.
      - Estou cansada de ficar sentada. Vou levantar – Disse Nahy levantando-se.
     Thomas estendeu a mão para que Nahy o ajudasse a se levantar.
     - Pelo menos um abraço eu ganho? – Perguntou Thomas abrindo os braços no compasso de um leve sorriso de canto.
     - Claro que sim, deixa de ser bobo – Respondeu Nahy abraçando-o.
     Os dois estavam completamente juntos. Naquele momento nada parecia ser capaz de separá-los. Talvez o tempo houvesse parado.
     “I feel better” Pensou Thomas “Realmente está tudo bem?” Completou.
     Ambos olharam-se nos olhos.
     As mãos de Thomas seguravam o rosto de Nahy. Ele levemente abaixou a cabeça. Nahy o olhou por um instante, e o beijou.
     Foi como não estar ali. Como estar em qualquer outro lugar melhor. Um lugar em que apenas os dois pudessem chegar.
     Não havia mais nada a se pensar, nem ao menos a dizer.

I Promise



I Promise

     - E se não houver frutos?
     - Valerá a beleza das flores – Ele respondeu com firmeza.
     - E se não houver flores?
     - Valerá a sombra das folhas.
     - E se não houver folhas? – Perguntou ela pela terceira vez.
     - Então valerá a intenção da semente – Finalizou ele, confiante.
     Por um instante ela o olhou nos olhos, firme.
     Ele deu-lhe um leve sorriso. E então seus braços se entrelaçaram em um longo e forte abraço.
     - E se uma linda árvore cheia de folhas e frutos nascer? – Ela sussurrou no ouvido dele enquanto o abraçava.
     - A árvore viverá para todo o sempre.
     - Promete? – Ela questionou-o olhando firmemente em seus olhos no compasso em que segurava seu rosto com suas doces e delicadas mãos.
     - Prometo.